A Sondagem da Construção, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é uma pesquisa mensal que gera um conjunto de informações essenciais para o monitoramento e antecipação de tendências econômicas do setor da construção, focada especialmente nos níveis de confiança do setor.
No mês de fevereiro, a Sondagem apontou para um avanço da confiança, puxada principalmente pelas expectativas da situação de negócios. Apesar do avanço, ainda há desafios nas questões de crédito e de mão de obra.
Acompanhe a análise a seguir:
Destaques do índice de confiança da construção em fevereiro
Em fevereiro, o Índice de Confiança da Construção (ICST), segundo dados do FGV IBRE, apresentou uma elevação significativa de 1,8 ponto, alcançando 97,6 pontos. Este patamar é o mais alto registrado desde outubro de 2022, quando o índice atingiu 99,4 pontos. Observa-se também um avanço na média móvel trimestral do índice, com um aumento de 0,5 ponto.
A performance positiva do ICST neste período é atribuída à melhoria na percepção sobre o estado atual do setor e às expectativas otimistas para os meses seguintes. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) viu um crescimento de 0,8 ponto, chegando a 95,5 pontos, marcando o maior nível desde setembro do ano anterior.
Simultaneamente, o Índice de Expectativas (IE-CST) registrou um crescimento de 2,5 pontos, atingindo 99,7 pontos, o que representa o nível mais elevado desde outubro de 2022, quando foi observado um valor de 101,2 pontos.
Principais desafios observados em meio à confiança crescente
Em fevereiro, a pesquisa revelou uma tendência positiva na confiança do setor, embora seja importante reconhecer as limitações do escopo analisado. O Índice de Situação Atual da Construção (ISA-CST) viu um aumento significativo, impulsionado pela melhoria no indicador de situação atual dos negócios, que ascendeu 2,3 pontos.
No entanto, o indicador que mede o volume da carteira de contratos apresentou uma leve queda de 0,6 ponto, fixando-se em 94,3 pontos.
Por outro lado, o Índice de Expectativas (IE-S) registrou um crescimento devido à elevação de dois de seus componentes: a expectativa de demanda para os próximos três meses, que subiu 1,9 ponto, para 99,5 pontos; e a tendência dos negócios para os próximos seis meses, que cresceu 3,0 pontos, chegando a 99,8 pontos.
Adicionalmente, outros desafios são enfatizados pelos empresários neste período. A escassez de mão de obra qualificada continua sendo uma das principais barreiras, enquanto o acesso ao crédito se destacou como um problema crescente, especialmente para as empresas de edificações residenciais.
Neste mês, o indicador de acesso ao crédito observou um aumento notável de 5,7 pontos percentuais, posicionando-se como a segunda maior limitação enfrentada pelo setor.
O que esperar do setor de construção em 2024
Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), espera-se que o setor de construção experimente uma aceleração em 2024, com um crescimento projetado de 1,3%, seguindo os resultados modestos do ano anterior.
No entanto, apesar da melhora nas expectativas para o mercado de construção brasileiro, é crucial destacar que o nível de confiança continua abaixo do limiar neutro de 100 pontos.
Os desafios relacionados à obtenção de crédito são vistos como um dos principais obstáculos para o setor. Mesmo com o Banco Central promovendo um ciclo de redução das taxas de juros, com previsões indicando que a taxa Selic pode terminar 2024 entre 9,50% e 9,25%, as tendências do crédito demonstram uma preferência pelo consumo, o que pode limitar os benefícios dos juros mais baixos para a construção. No entanto, espera-se que o setor também se beneficie dessa política monetária.
Oportunidades e desafios futuros na construção brasileira
Com a previsão de crescimento e a expectativa de redução na taxa de desocupação, além do aumento de empregos, o setor parece estar se encaminhando para uma fase de expansão significativa.
Para uma análise mais aprofundada dessas tendências e como elas podem influenciar positivamente o setor, leia: “Construção civil em alta: perspectivas positivas para o mercado de trabalho em 2024“.
Por outro lado, o setor de construção no Brasil pode encontrar oportunidades no calendário político de 2024, ano de eleições municipais, o que historicamente estimula o aumento de obras públicas. Este fator pode contribuir positivamente para a expansão do setor.