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Written by 08:00 Bancos

Como a nova previsão do boletim Focus pode impactar a inflação brasileira?

boletim Focus

A última edição do Boletim Focus, publicado pelo Banco Central, trouxe um aumento na projeção da inflação para 2024. A revisão ascendente sinaliza receio do mercado com a inflação no curto prazo. As expectativas de elevação da inflação para 2024 podem afetar os preços da economia brasileira. 

Veja mais a seguir.

O que é e para que serve o Boletim Focus?

O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, apresenta as expectativas das principais consultorias e instituições do mercado financeiro brasileiro. O documento fornece previsões para doze indicadores macroeconômicos tanto para o final do ano corrente, quanto para o resultado terminal dos mesmos indicadores nos próximos três anos. Dos 12 indicadores destacam-se: IPCA (índice de inflação), taxa de câmbio (real/dólar), crescimento do PIB e taxa Selic.

Recentemente, os analistas têm reavaliado principalmente a taxa de inflação e a taxa Selic. Na última semana, o Boletim Focus elevou a projeção da inflação para 2024, de 3,86% para 3,88%. A taxa Selic também foi ajustada, subindo de 9,63% há quatro semanas, e atingindo 10,25% na última divulgação. Essas revisões, embora moderadas, indicam uma maior cautela dos especialistas quanto ao controle da inflação no curto prazo

Este processo de alteração de expectativas é evidente na economia brasileira, mas neste sentido, sobram dois questionamentos importantes: por quais razões isso está acontecendo e como isso pode afetar a inflação brasileira? 

O que explica a piora de expectativas de mercado?

Apesar da inflação brasileira seguir uma trajetória relativamente benigna desde o ano passado, houve recente piora marginal dos núcleos de inflação. A inflação de serviços se mantém em taxas relativamente elevadas pelo IPCA, enquanto o INCC-M, da FGV, mostrou aceleração de 1,05% na inflação de mão de obra para maio. 

Além disso, questões políticas têm ajudado a desancorar as expectativas dos agentes. A alteração da meta fiscal para 2025 gerou ruído no mercado sobre a sustentabilidade da dívida pública, enquanto a catástrofe do Sul se tornou prenúncio para inflação de alimentos nos próximos meses.

Externamente, a manutenção dos juros americanos e a desvalorização do real frente ao dólar são determinantes. O Federal Reserve (Fed) deve manter a taxa de juros entre 5,25% e 5,50% ao longo dos próximos meses de 2024 devido à resiliência do mercado de trabalho e à inflação persistente. Este cenário atrai mais liquidez para os EUA, mantendo a taxa de câmbio desvalorizada em reais, trazendo potenciais impactos para a inflação brasileira.

O que isso representa?

Com diversos fatores influenciando as expectativas de inflação, é provável que tenhamos impactos na economia real. Diante da escalada das projeções, os empresários reajustam seus preços mais rapidamente para evitar perdas financeiras, resultando em produtos mais caros para os consumidores. 

No cenário atual, os reajustes são menos intensos, já que os dados de inflação mensais e acumulados seguem sob relativo controle, mas em momentos de variações mais intensas, os preços são ajustados de forma mais brusca. De todo modo, são relevantes as recentes variações para cima que o Boletim Focus vem apresentando para inflação.

Com expectativas inflacionárias elevadas, os preços podem ser afetados e as projeções para a taxa básica de juros também acabam ficando mais altas. Por fim, é evidente que as expectativas altistas do Boletim Focus tendem a gerar efeitos na economia real mesmo em cenário de inflação relativamente controlada. Para mais textos sobre economia, negócios e atualidades, visite o blog da Docket!

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