TL;DR: O Brasil é uma potência, sendo um dos principais players no mercado global de commodities agrícolas, com destaque para açúcar, suco de laranja, proteína animal, milho e soja. Para garantir esse desenvolvimento e crescimento, a gestão de risco no agronegócio é fundamental. Entenda melhor como acontece esse processo.
O Brasil vive um momento de crescimento no agronegócio, com recordes de produção e exportação. Contudo, o agro está sujeito a fatores de risco, como clima, mercado, inflação e outras alterações. Dessa forma, uma boa gestão de risco no agronegócio prepara o produtor e as traders para enfrentarem esses desafios, minimizando as chances de resultados negativos.
Como fazer uma boa gestão de risco no agronegócio?
O agronegócio é um catalisador do crescimento econômico do país. Em 2021, o setor agropecuário teve a participação de 28% do PIB nacional e, para 2022, o resultado deve ser até 5% maior, segundo as projeções da CNA e Cepea. Porém, mesmo com as expectativas positivas, o setor precisará superar vários desafios, como taxa de juros, inflação e alto valor de insumos para mitigar os riscos.
Para fazer uma boa gestão de risco no agronegócio, o primeiro passo é entender o próprio conceito de risco para o setor. Assim, qualquer evento incerto e que possa impactar a safra ou a produção associada a uma probabilidade de ocorrência, é considerado um fator de risco. Por isso, trata-se risco como incerteza.
O agronegócio está sujeito a fatores de risco das mais variadas fontes, seja sistêmicas, seja de fatores climáticos, de mercado e até de liquidez. Recentemente, os riscos ambientais se tornaram urgentes, com a criação de metas sustentáveis e a iminência de boicote por alguns países, caso as metas não sejam atingidas.
Outro ponto de risco para o produtor é o uso de defensivos agrícolas, que é pauta constante entre stakeholders do setor e que impacta diretamente a produtividade e o preço das safras. Portanto, é imprescindível que haja uma previsibilidade de rentabilidade, que leve em consideração todas as perspectivas de custos, produção, receita, fontes de financiamento e riscos para pautar corretamente todas as tomadas de decisão.
As etapas da gestão de risco
As etapas da gestão de risco podem ser divididas entre identificação, classificação, avaliação, tratamento dos riscos e monitoramento das soluções.
Identificação
A primeira fase é a identificação dos riscos associados ao negócio. Dependendo do setor atuante dentro do agro, isso pode variar, portanto, é fundamental que cada gestor identifique os desafios da sua área. Nessa etapa, vale elencar todos os possíveis fatores de risco para, em seguida, elencar graus de incerteza sobre cada um deles.
Classificação
Na etapa de classificação, os riscos já foram identificados e devem ser classificados para que o gestor consiga avaliar seus impactos no negócio e pensar em soluções para cada um deles. Os principais riscos do setor estão nas seguintes categorias: riscos operacionais, agronômicos, de mercado, financeiros, ambientais e institucionais.
Os riscos operacionais estão ligados ao processo produtivo e à gestão da empresa, como falhas no plantio, acidentes de trabalho e problemas no maquinário. Já os riscos agronômicos são mais difíceis de prever e controlar seus efeitos, pois são eventos físicos e biológicos que podem impactar o cultivo e a produtividade das lavouras, como secas extremas, granizos nas plantações ou ataque de uma praga.
Os riscos do mercado estão associados à flutuação dos preços, que variam conforme oferta e demanda de commodities e outras variáveis, como custos e receita que também podem ser alterados com mudanças nas taxas de juros, taxas de câmbio e confiança do mercado no país. Esses riscos impactam diretamente os riscos financeiros, em especial, às incertezas relativas à taxa de câmbio. Os riscos financeiros também referem-se à dívida da empresa, facilidade em obter crédito e liquidez.
Os riscos ambientais referem-se às metas e ações estipuladas em acordos e relações do comércio exterior, como a plantação em áreas de desmatamento, diminuição de carbono nas operações de plantio e uso de defensivos agrícolas. Por fim, os riscos institucionais estão relacionados às legislações, políticas fiscais e tarifárias, normas sanitárias e ações internas da empresa.
Avaliação
Após a classificação dos riscos, deve-se realizar a avaliação. Aqui, o que se espera é conseguir avaliar como cada risco pode impactar o negócio. Por exemplo, a reputação da companhia, a perda de parceiros comerciais, diminuição da produtividade, aumento de custos, perda de funcionários, entre outros. Assim, é possível priorizar esforços para os riscos com mais probabilidade de acontecer e trazer impactos mais sérios à marca. Há ferramentas que ajudam essa análise, como análise SWOT ou 5W2H.
Tratamento e monitoramento dos riscos
A última etapa refere-se ao tratamento e monitoramento dos riscos. Com as prioridades elencadas, a próxima etapa é identificar as possíveis maneiras de fazer uma gestão de risco e qual o custo de implementação e monitoramento para cada um. Tão importante quanto avaliar é estimar o custo e impacto, a fim de colocar esforços no que é mais viável. Ou seja, deve-se priorizar o gerenciamento de riscos com maior impacto para o negócio cujo mecanismo de controle seja o mais barato possível.
No agronegócio, diversas ferramentas e tecnologias vêm sendo aplicadas para gestão das variáveis incertas que afetam desde o cultivo até a comercialização dos produtos agrícolas. Por isso, a gestão de risco nesse setor leva em consideração os dados de várias equipes que, em conjunto, devem priorizar os riscos.
Como a tecnologia ajuda na mitigação de riscos no agronegócio?
Hoje, no agronegócio, há uma infinidade de soluções que buscam dirimir os impactos das variáveis de natureza incerta que atingem esse setor e a tecnologia é uma delas.
As ferramentas tecnológicas podem ajudar desde a coleta de dados até na capacidade de analisá-los extraindo informações relevantes quanto ao estado atual de uma situação. A inteligência artificial e o Big Data têm se tornado cada vez mais populares por serem capazes de extrair dos dados conteúdo capaz de dimensionar os riscos associados às operações dos negócios agrícolas.
Quanto aos riscos operacionais, a forma mais eficiente de reduzi-los consiste na boa gestão interna dos processos produtivos, desde políticas de segurança para atuação dos funcionários, passando pela operacionalização logística, que envolve a compra e venda, armazenamento e transporte da produção. Nesse sentido, muitos riscos estão relacionados às regulamentações, que devem ser comprovados por meio de certidões e licenças.
Para facilitar essa organização, a Docket desenvolveu a Plataforma de Alvarás e Licenças. Com a solução, empresas do agronegócio conseguem gerir e armazenar documentos regulatórios divididos por CNPJs. Assim, o compliance da empresa consegue verificar facilmente por meio da plataforma, quais fazendas/safras estão com alvarás e licenças prestes a vencer ou documentos faltantes, que podem impactar na exportação.
A plataforma também diminui os custos com a gestão de documentos e otimiza o tempo da liberação das operações pelos setores. Afinal, usuários de todas as áreas podem ter acesso à plataforma e acompanhamento do fluxo de informações. Dessa forma, todas as informações ficam centralizadas em um só lugar.
Portanto, a gestão de risco no agronegócio tem suas peculiaridades, mas com planejamento e organização é possível mitigar alguns e se preparar para outros. Se você gostou do conteúdo e quer saber mais sobre a relação do mercado financeiro e do agronegócio, leia o post no blog.