O desempenho do Agronegócio no Brasil tem se destacado no contexto econômico brasileiro. A chegada de novas tecnologias e a profissionalização do campo estão aprimorando a gestão dos negócios rurais e dão sustentação a perspectivas promissoras.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a produção de grãos deve crescer mais de 24% até a safra de 2026/2027. A agropecuária também será impulsionada nesse período, devendo elevar sua produção em 28%.
Todos esses fatores fomentam outros negócios, como o mercado de crédito agrícola, impulsionando, inclusive, o mercado de capitais com títulos atrelados à produção rural, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Acompanhe esse post para saber mais.
Quanto o crédito agrícola movimenta?
O crédito agrícola é um importante instrumento de fomento do Agronegócio. Como os produtores cultivam primeiro para só depois obterem os itens que serão comercializados, o financiamento é praticamente uma unanimidade. A partir do crédito, investimentos em insumos, na produção e administração dos negócios são feitos.
Com a elevação recorrente das safras, a tendência é que a procura por crédito também aumente. Assim, o financiamento, que durante muito tempo atuou como política de Estado, tem se tornado uma oportunidade para o mercado privado de crédito.
De acordo com o relatório de desempenho do crédito rural, elaborado pelo Ministério da Agricultura, o volume de recursos contratados aumentou quase 21% na safra 2017/2018, em comparação com a safra 2016/2017. O valor total passou de R$ 53,5 milhões para R$ 64,5 milhões.
A comparação entre o financiamento público e particular evidencia o apetite crescente do mercado privado. Enquanto os recursos públicos aumentaram 14% (de R$ 42,5 milhões, na safra 2016/2017, para R$ 48,5 milhões, na safra 2017/2018), a carteira privada cresceu 46,2% (passando de R$ 11 milhões para R$ 16 milhões, no mesmo período).
Uma análise de longo prazo mostra uma elevação ainda mais expressiva. Entre 1996 e 2016, o crédito agrícola expandiu 3.000%, elevando o volume de recursos contratados de R$ 6 bilhões para R$ 185 bilhões.
Como o crédito agrícola pode favorecer financiadores?
Afinal de contas, o que tem levado instituições financeiras a direcionarem as atenções ao Agronegócio? O desempenho do campo é uma das principais sinalizações, sem dúvida. Um mercado que cresce, mesmo em meio à crise, e que tem projetado suas commodities no mercado internacional de forma mais marcante é, por si só, um bom negócio.
No entanto, não é só isso que sustenta tanto interesse. O Agronegócio favorece as operações das instituições financeiras com outras vantagens. Confira algumas:
1. Securitização de recebíveis
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) correspondem a um dos investimentos vinculados ao crédito agrícola. Sua aceitação no mercado financeiro é alta, pelo retorno e pelo lastro. Ou seja, é uma operação segura para o investidor.
Para financeiras, é uma operação bastante vantajosa, que consiste na securitização dos recebíveis. Ou seja, a instituição tem uma carteira de clientes que atuam no Agronegócio. Essa carteira tem um valor X em crédito disponibilizado que será pago em um determinado período, por exemplo, 12 meses.
Os valores a serem recebidos lá na frente podem ser antecipados por meio da venda desses recebíveis para o mercado de securitização, que emitirá os CRAs. Assim, a financeira recebe de uma vez os valores que receberia parcelados. Isso dá mais liquidez à instituição e também favorece que a quantia obtida financie outras operações.
A securitizadora, por sua vez, pode explorar esses recebíveis, que estão lastreados nas operações de crédito, para negociar no mercado financeiro junto a investidores. Conforme os produtores pagam seus parcelamentos, a securitizadora repassa a remuneração (juros) aos investidores.
2. Menor índice de inadimplência
Tradicionalmente, o crédito agrícola é uma das modalidades com a menor taxa de inadimplência. É verdade que em períodos de quebra de safra ou de maior dificuldade no mercado, a taxa varia um pouco mais. Nos últimos anos, o comportamento da inadimplência no setor foi impactada pelo contexto econômico.
Em abril de 2014, por exemplo, a taxa de inadimplência no Crédito Rural Pessoa Física era de 1,63%. Em abril de 2017, atingiu 2,85%. No Crédito Rural Pessoa Jurídica, para o mesmo período, os percentuais foram 0,53% e 0,95%. Apesar da elevação, são patamares bem menores do que os verificados no crédito pessoal, cujo nível de inadimplência chegou a 8% em maio de 2017.
3. Vínculo de longo prazo com o produtor rural
O produtor rural depende de crédito no início do seu ciclo produtivo. As supersafras do Brasil, portanto, se sustentam com financiamento. Essa é a praxe do setor.
As instituições financeiras que apostam no crédito agrícola estabelecem um relacionamento que tende a ser duradouro com esses clientes. Isso quer dizer que quem financia participa diretamente do crescimento do Agronegócio, pois conforme os investimentos aumentam, o volume do financiamento também expande. Mais negócios, mais crédito, mais resultados. É um ciclo benéfico para todos!
Vale a pena olhar para o campo. A gestão estratégica no Agronegócio está cada vez mais profissional e eficiente. Isso só tende a gerar melhores resultados e mais oportunidade para o mercado creditício.
4. Abertura para oferta de novos produtos e serviços
Embora esteja cada vez mais preparado para a gestão de negócios, o produtor rural ainda faz poucas aplicações financeiras. O investimento, via de regra, se concentra na expansão da produção. Por isso, há muitas oportunidades a serem aproveitadas com a oferta de produtos que ainda não fazem sua parte da cultura.
Novas modalidades de investimento — para aplicar parte dos ganhos no mercado e não somente na produção — é uma estratégia boa para as instituições que operam no mercado financeiro. Mas também garante ao trabalhador do campo uma reserva que não está condicionada à produção. Normalmente, o produtor rural tem uma baixa liquidez porque seus ativos costumam estar relacionados à produção.
Há, ainda, seguros, previdência privada e operações de investimento que aprofundam o relacionamento com esse cliente. A tendência é que cada vez mais as propriedades rurais invistam no beneficiamento de seus produtos, o que é mais vantajoso.
O crédito agrícola é um caminho para que as financeiras diversifiquem suas carteiras, atraindo clientes que estão dando fôlego à economia brasileira.
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